Composição do Shapefile e Como Restaurar um Shapefile Incompleto

Composição do Shapefile

O shapefile é um formato de armazenamento de dados vetoriais bastante utilizado no geoprocessamento. Foi criado e regulamentado pela ESRI como uma especificação aberta para permitir o compartilhamento de dados entre os softwares diversos. 

O formato shapefile é composto por mais de um arquivo, os quais devem ser armazenados na mesma pasta e com o mesmo nome, se diferenciando pela extensão e pelo tipo de dado que contém.  São mais de 15 extensões diferentes, além de algumas que são específicas de cada software de SIG, como o qml, que guarda a simbologia no QGIS, e o lyr que tem a mesma função no ArcGIS. 

A seguir, são apresentados as principais extensões e o suas funções.

shp: Guarda a geometria da feição, que são os elementos que são visto na tela do software SIG. Estas geometrias podem ser do tipo ponto, linha ou polígono. 

dbf: Armazena os atributos de cada feição e que são visualizados ao se abrir a tabela de atributos. Inclui dados como textos, números, datas, valores booleanos, entre outros.

shx: Armazena o índice da geometria da feição e é o responsável por fazer a ligação entre o shp e o dbf, ligando as geometrias aos seus respectivos atributos, de forma que cada linha da tabela esteja associada a uma geometria. 

prj: Armazena o sistema de coordenadas em que as coordenadas do shapefile estão. 

cpg: Especifica a codificação da fonte de dados. Sem ele, é possível que caracteres com acentos e cedilhas apareçam desconfigurados na tabela de atributos.

qml/lyr: Armazena a simbologia no QGIS e ArcGIS, respectivamente. 

Na pasta do computador, os arquivos devem ser mantidos todos na mesma pasta e com seus nomes inalterados. 

Os arquivos shp, dbf e shx são obrigatórios e necessários para que o shapefile seja aberto e lido pelo software SIG.  Embora não seja obrigatório, o prj é também um arquivo importante que deve sempre estar presente pois sem ele é possível que as geometrias sejam plotadas inadequadamente, gerando erros de projeção. Os demais não são obrigatórios, porém sua presença auxília na definição do shapefile e evita a necessidade de configurações manuais todas as vezes que o shapefile é inserido em um software SIG. Um exemplo é o qml que, caso exista e esteja salvo na mesma pasta que o shp, faz com que o shapefile seja carregado com a simbologia definida, sem que seja necessário configurar manualmente.

Durante as manipulações no processamento dos dados, é possível que o shapefile com o qual se deseja trabalhar não esteja completo. Isso pode acontecer devido: ao download incompleto a partir de uma base de dados pública; envio incompleto por outra pessoa; movimentação ou apagamento acidental; etc. Nestes casos, a primeira ação deve ser sempre tentar obter o shapefile completo e trabalhar a partir dele, porém isso nem sempre é possível. Nesses casos, softwares de SIG possuem ferramentas que permitem recriar alguns dos arquivos que compõe o shapefile. No caso dos arquivos shp e dbf, entretanto, a única opção é tentar obter os arquivos novamente da fonte original pois contém dados únicos para cada shapefile. 

Veja a seguir ferramentas que permitem restaurar o shx e o prj de um shapefile incompleto no QGIS.

Reparar Shapefile

Esta ferramenta repara um Shapefile quebrado, recriando o arquivo shx ou corrigindo caso este arquivo exista e tenha algum problema. Caso só tenha o shp, sem o dbf, a criação do shx permite, também, visualizar a geometria do shapefile, ainda que sem a tabela de atributos. 

Para acessar a ferramenta, clique em Vetor geral -> Reparar Shapefile na Caixa de Ferramentas. Em Shapefile de entrada, indique o caminho para o arquivo shp. Na mesma pasta será criado o shx.


Definir projeção de Shapefile

Esta ferramenta define a projeção de um Shapefile, criando um arquivo prj com o sistema de projeção informado. 

Para acessar a ferramenta, clique em Vetor geral -> Definir projeção de Shapefile na Caixa de Ferramentas. Em Shapefile de entrada, indique o shapefile sem projeção. Em CRS, informe o sistema de projeção do shapefile. Na pasta onde o shp está salvo, será criado um arquivo prj com o sistema de projeção indicado.


Para utilizar esta ferramenta, é necessário saber o sistema de coordenadas em que o shapefile original foi feito para se evitar erros de projeção. Este dado pode ser obtido considerando o sistema padrão comumente utilizado e, em casos extremos, comparando com outras bases cartográficas da mesma região ou fonte. Para bases cartográficas feitas no Brasil, um bom palpite é utilizar: SIRGAS2000, que é o padrão brasileiro desde 2015; WGS84, que é o padrão internacional; SAD69, muito utilizado anteriormente; e Córrego Alegre, utilizado em bases mais antigas. Porém, o ideal é sempre receber um novo arquivo da fonte ou uma confirmação do criador. 

Atualmente, existem outras opções para manipular dados vetoriais e que apresentam algumas melhorias em relação ao shapefile. Uma delas é o GeoPackage, gpkg, que reune todas as informações em um arquivo único e funciona como um banco de dados. 

Ficou com alguma dúvida ou tem alguma sugestão? Deixe nos comentários para que eu possa lhe ajudar!

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